1Abc Directory The Style Culture: 03/01/2014 - 04/01/2014

21/03/2014

Mulheres (e homens) que se amam

A mente feminina é um universo insondável, um abismo de desejos em conflito com sonhos e percepções da realidade. Um caos completo, onde predominam as forças emocionais do momento, ditando regras e verdades. Eis aí um desafio, um enigma indecifrável aos homens. Por mais que se possa dizer que algumas mulheres são racionais, acho que posso afirmar sem me preocupar com o peso da minha opinião, o fato de que as mulheres são dominadas pelos sentimentos. Muitas vezes, amigos delas. Mas nem sempre...

Este assunto caiu aqui no The Style Culture porque também tem a ver com a visão da arte que nos cerca. Seria um texto cansativo, especulativo e longo, mas não, será rápido. Vou resumir, para linguagem compacta de internet, para o tempo que ninguém mais parece ter para pensar na própria existência ou planejá-la até certo ponto, como se isso não fosse realmente importante.

Escrevo porque meu olhar sobre o assunto autoimagem e autoestima provavelmente é diferente do ponto de vista que muitas mulheres têm sobre outras e sobre si mesmas. Não que elas estejam erradas, ou certas, mas já que a beleza é cultural, relativa, e subjetiva, valores devem ser revisados.

Existem, segundo a classificação deste post, quatro tipos de mulheres:

1- A que não se considera bonita o suficiente para fazer um ensaio fotográfico
O ponto que as pessoas não sabem é que não se trata de beleza padrão, mas da arte da fotografia, de fotogenia, de iluminação e expressão. Uma foto caseira e mal iluminada de uma pessoa linda continua sendo uma foto ruim. A pessoa pode ser até bonita, mas o resultado global pode ser desapontador. Por outro lado, mulheres que se consideram comuns ou até mesmo feias podem ficar lindas no trabalho fotográfico. E isso, é totalmente relacionado a autoestima e não a pretensão de beleza padrão, e também à competência profissional do fotógrafo. Um ensaio não é uma tentativa de engano de si mesmo(a), com exageros de makeup e photoshop até a pessoa ser outra coisa bonita do ponto de vista massificado. Não é jamais um autoengano, uma forma de se forçar a acreditar em algo que não existe (no caso, se convencer de que faz parte de um universo padronizado, o que seria uma fantasia e não autoestima)
Um ensaio verdadeiro, deve captar a beleza intrínseca a cada ser humano, a expressão, a verdade e a emoção de cada um. É claro que o(a) modelo deve contribuir com a naturalidade. A beleza padronizada, de caráter ocidental, e mais especificamente ariano ou americano, é apenas um aspecto predominante na cultura global mas não é o único, definitivamente. E felizmente.
Como a cultura é uma coisa muito fraca no Brasil, é de se esperar que quase ninguém tenha o hábito de saber diferenciar o trabalho artístico fotográfico do tema. Não acredita? Veja Sebastião Salgado, e suas fotos. Seus temas em geral não são belos, mas as fotos... deixa qualquer um humilde.
Por isso, se você não se acha bela(o) o soficiente para realizar um ensaio fotográfico, deveria realmente rever seus conceitos, e demandar a responsabilidade pelo resultado das fotos não à sua genética, mas à competencia do(a) fotógrafo(a).

2- A que acha que um ensaio fotográfico é pura luxúria e futilidade
Conheci muitas pessoas assim. Muitas delas pseudo-intelectuais, as vezes pretensiosas, as vezes arrogantes. Entretanto, o que mais define este tipo de pessoa é a incapacidade de ver valor em coisas que não fazem parte de seu mundo restrito, não estão acostumadas a entender verdades alheias, valores diferentes dos seus, ou ainda, foram condicionadas (sic... detesto behaviorismo mas que seja vai, a expressão cabe) a achar que isso é coisa de gente fútil. É claro que existe um continuum de nichos culturais que concentram pessoas bonitas e simultaneamente burras. Mas toda generalização é burra, e não investigar o tema profundamente é atitude mais ignorante, no sentido de quem ignora os fatos significativos, verdadeiramente.
A realidade do ser humano não é feita de máquinas, contas, números, eficiência, administração e todas as atividades que excluem a poesia e a arte.
Mas, gostaria de salientar que não existe relação humana isolada. Não existe nada se não houver o outro. E é para o outro que se faz o ensaio, é para os vindouros, para quem não conhecemos ainda, para aqueles que ficarão quando partirmos. E nesse diálogo, entre quem aprecia e quem se deixou virar arte, é que existe também uma autorealização e um diálogo interior, que avança além do espelho, simplesmente.

3-A que se acha bonita demais para fazer um ensaio
Sim, estas tem milhares de fotos com ipad ou ipod, ou camera mesmo, no espelho geralmente. Com enorme e avassaladora frequência, fazendo biquinho, V de vitória, hd de heavy metal, dedinho do meio etc, língua de fora. Na piscina, na balada, etc. Ou são clássicas, mulheres da high society (ou quase né?) que tem uma imagem a zelar. Uma imagem não muito interessante, em geral. Sem sal nem açúcar.
Nós que trabalhamos com fotos, quando observamos pessoas que poderiam fazer fotos bacanas, mas que desprezam o fato em si, por pura pretensão do "deixa que eu faço mesmo sozinha pois minha beleza é suficiente", não tem simplesmente cultura para entender a diferença entre arte e quotidiano mediano; Em geral, são fotinhas simples, pobres em iluminação, que são apenas mais uma foto por entre miríades de fotos comuns ou ruins de pessoas bonitas ou lindas. Mas as fotos em si são pobres; Estas pessoas, suponho, deixarão a vida passar, até que um dia lá na frente poderão sentir o buraco que ficou por não terem entendido isso quando era tempo. Talvez elas tenham então, uns 80 anos.
Muitas dessas pessoas também não tem cultura musical, que na verdade, é um item isolado que diz muito sobre as pessoas. Quem não tem cultura musical e ouve qualquer coisa, em geral, é assim para tudo na vida, e em geral, tem preconceito de quem se esforça para ser melhor.

4-As que não acham nada sobre isso e cada um que cuide da sua vida
O tempo é o melhor amigo da sabedoria...

5-As que acham uma ótima com todas as justificativas esclarecidas. Mas que acreditam realmente não ter dinheiro para um ensaio, ou roupas, ou jeito... 
Bem, sobre isso tudo, lembro-me de quando eu fazia tattoo. Parei, simplesmente porque não aguentei aquela mesma e contínua história, de a pessoa vai fazer uma tatuagem para o resto da vida, marcar o corpo, e ficar pechinchando 50 reais e trocando de estúdio por mixaria, perdendo qualidade e responsabilidade no trabalho. Mas, sempre, com um celular de 1000 reais; Entretanto, a vida útil de um celular é de um ano ou pouco mais que isso. Já um ensaio, é para a vida toda. Ninguém vai ver foto do celular e achar alguma coisa um dia, que seja tão importante ou próximo do que acharia sobre um ensaio pessoal. Então, não é em geral, um problema de valor, mas um problema de prioridades. Sobre os outros itens, roupas e make, posicionamento etc, assim como sobre o valor, pode-se negociar, os valores atualmente são bem menores do que eram antigamente. Só não contrate um picareta... Um bom estúdio ou fotógrafo(a) orienta, auxilia, direciona, guia, leva para a locação, etc. Muitas pessoas julgam sem ter a menor idéia de como funciona ou porque fazer ou não fazer. Eu, particularmente, sugiro que reveja seus valores se acha que é inviável fazer um ensaio. Inviável será fazer o ensaio de hoje daqui a 5 anos... ou 50.


Aqui, algumas fotos que eu considero lindas, de pessoas lindas... Mas não necessariamente com o mesmo rosto da Silvia Saint...









Porque fazer, ou não, um ensaio fotográfico?