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26/10/2015

Do-Ho Suh, artista do pós-simulacro

O artista coreano Do-Ho Suh desenvolve trabalhos que, de forma objetiva e resumida, são esculturas de arame recobertas com tecido.
Apesar de seu histórico apontar realmente para a base sobre a importância do tecido, o desenvolvimento e amadurecimento de seu trabalho apontam para uma colocação da escultura em direção a questões muito contemporâneas. Falando sobre sua vertente de tecidos, entre elas:

1) a desmaterialização da escultura e a fragilidade dos bens materiais com relação ao consumismo e irrealidade que se instalam na vida real em termos de conquistas, permanencias e satisfação;
2) a imitação do simulacro computacional, invertendo novamente o vetor de importancia sobre o que é real e o que é imaginário ou potência;
3) o desdobramento do panóptico, as máquinas de vigiar, o velho big brother americano e a exposição visceral da vida intima para as mídias sociais;
4) A simples imitação marcadológica em nível imagético, dos programas de 3D e uma sociedade construída sobre esta premissa tecnológica;
5) O agigantamento das forças sociais externas, a ocidentalização do oriente, o comunismo, e a redução da individualidade oriental frente a tais combinações que levam a vida quotidiana e singularmente individual à beira do abismo (vide casa da borda), ao mesmo tempo em que expõe a intimidade e tragédias pessoais.

Tais elementos não são óbvios a princípio nesta sua linha, mas cruzando-se sua subjetividade em outros trabalhos, fica evidente sua postura crítica sócio-política, e lúdica também, subvertendo o peso da verdade para a leveza do simulacro tecnológico, simulado pelo não tecnológico.

Aprecie algumas imagens captadas na internet. Este post não é sobre suas miniaturas de gentes oprimidas...:



The Korean artist Do-Ho Suh develops a job that, in resume, are  wire sculptures covered with thin fabric.
In spite of his history being really pointing to the base of the importance of tissue, where we can include the industrial condition of some eastern countries, the development and maturation of his work points to a job placed toward very contemporary issues. Talking about his fabric sets, including:

1) the dematerialization of sculpture and the fragility of material goods in relation to consumerism and unreality that is settled in real life in terms of achievements, continuity and satisfaction;
2) imitation of the computational simulation, again reversing the importance of vector about what is real and what is imaginary or potential;
3) the bloom of the panoptics, machine monitoring as the the old American Big Brother and visceral exposure of intimate life to social media;
4) simple marketing imagery imitation level of 3D programs and a society built over the premise of this technology;
5) The aggrandizement of external social forces, the westernization of the East, communism, and reducing the eastern front individuality to such combinations that lead to daily life and uniquely individual to the brink (see edge house), while that exposes the intimacy and personal tragedies.

Such elements are not obvious at first glimpse in his line but, by intersecting his subjectivity in other works, it becomes evident that his socio-political  critic and playful stance also subverts the weight of truth for the lightness of technological imitation, simulated by the non-technological. This is very funny and curious...


Enjoy some images captured on the Internet. This post is not about his miniatures of oppressed people ...:









28/07/2015

Fabian Ciraolo: mas nem tanto.

Não existe arte sem demanda.
É claro que existe a questão do público alvo etc e blablabla. Porém, vamos falar de arte e não de comércio o marketing. Se bem que seja quase a mesma coisa, mas não é.
Artista Fabian Ciraolo, chileno etc. Dados: Fiquei com preguiça de procurar.




E eu que sou quase artista, vivendo na borda desse mundo, penso que este trabalho é uma tentativa de alto nível da... terceira divisão. Nem sei como cheguei a conhecer: tem adolescente demais no mundo. E não importa se eu sou ou deixo de ser artista; Estou falando aqui como público e consumidor, crítico, falador e falastrão do assunto.

Diria que a receita, pegar icones que já foram trabalhados e inculcados na massa, e reutiliza-los é um ótimo gancho, mas nada original. Dessacralizar e ofender os ícones, também nada original. Usar qualquer coisa com teor udigrudi, marginal, corroído, sujo, criminalizado, etc... menos original ainda.

Quero ver o cara mexer com gente grande que está viva e fodendo ferrando com o mundo e colocar o dele na reta pra produzir arte.

Original no trabalho dele é a composição com cores suaves, aquarelas que trazem sim uma contrapartida aos ícones sujos, tornando-os menos baratos e óbvios. Mas separando-se roteiro e texto de cores, vemos que a parte do argumento e texto é já passada. Dali fez isso décadas atrás, Marcel mais ainda. Só que naquela época todo mundo colocava a mão na boca e dizia "nossaaaaa que absurdo!" e abandonava a exposição. Pediam pra tirar do museu, da vitrine. Horrorizavam-se.

Porém, É MUITO FÁCIL FAZER ARTE DIGITAL.
Vou até postar aqui duas que eu fiz no Photoshop: Mona Lisa com celular e Dr. House na capa do Sex Pistols que fiz para poster da Urban Arts anos atras.

Dr. Pistols por Gabriel Ishida

Mona Lisa com celular por Gabriel Ishida
E o pai da irreverencia na arte clássica, Marcel Duschamp:






 

Hoje essas produções de Fabian são material para se estampar, como diria um companheiro num comentário em outro site... "estampar na camiseta". Eu chamo de ideologia adolescente, barata, "anticapitalista e antisistema", sem repertório.

Desse corolário ideológico, já nos cansamos, então ficam aí as imagens que são legalzinhas, mas que arte, nem tanto. Alguém pode vir aqui e falar "tá com inveja". Talvez, mas eu não pintaria esses temas porque já passei dessa fase ha uns... 15 anos. Agora tenho 39.... Feliz ele que está nessa fase com todo o restante do mundo até os 50 anos.

Dificil é fazer o que ninguém faz. Dificil é ofender falando a coisa certa, ofender quem deve ser ofendido, não quem já virou bottom. Então, arte, que se diga, nada.

Mas é legal, como repertório pra vc ver.
















Movie House III: Blade Runner´s Deckard apartment

Projeto de Frank Lloyd Wright, a Ennis Brown House localizada na avenida Glendower, n° 2607 em Silverlake, foi o set de locação para o apartamento do Deckard, um andróide desavisado que até então acreditava ser um mero humano matador de replicantes. Em 1982, quando acreditava-se que em 2012 o mundo americano seria um buraco cyberpunk.
O cenário é interessantíssimo. E segundo Ridley, a filmagem foi extremamente cansativa. Vide resultados...

Bem denominada anacrônica no filme, a casa Enis Brown tem, conforme podemos conferir, base asteca em sua composição. Porém isso fica totalmente cyberpunk, com tons de grandiosidade romana e eletrônica como circuitos e máquinas ainda hoje. Lembra Puma Punku.

Se bem que a casa seja muito maior que parece no filme, e muito mais arejada, o tom que deram de clausura neogótica esfumaçada, entulhada de objetos e memórias, criou uma base sensacional para o personagem cujo maior paradoxo era exatamente esse: a humanidade dos objetos, memórias, da música e do piano, e sua própria existencia.