1Abc Directory The Style Culture: 27 de jul. de 2015

27/07/2015

Movie House II: Tron

Este é um outro projeto que dá prazer. Novamente, as texturas e a enorme assepsia do mundo eletrônico. Por outro lado, esta não poderia ser diferente já que foi concebida nos termos de um 3D, de dentro para dentro de uma máquina computacional. O render deriva do desejo Flynn, e concebido como se este fosse um deus aprisionado em circuitos, obriga a produção a forçar a artificialidade. 
O que encanta nesse cenário é o toque permanente vitoriano em diversos momentos para caracterizar a presença humana. 
Então, podemos deduzir que de certa forma, o que é humano é menos asséptico, e o que é mais desinfetado é menos humanizado?
A progressão da computação e as novas mitologias de base entrecruzadas, sobre a guerra das máquinas e seu domínio, apontam na direção de que o humanismo e a renascença (e vide a segunda renascença em Animatrix!) eram por definição a carne do homem e sua cultura, o tecido, as folhas e mecanismos de madeira, cordas e ferro batido, composições tão sujeitas quanto os walkers em Matrix, não passando de objetos rústicos e submissos.
A mitologia que aponta em direção ao domínio das máquinas e o ambiente que elas conformam parece ser algo dominante no hemisfério norte, e por conseguinte, contaminando as mentes burocratizadas e materializadas do hemisfério sul: emergentes e o acrílico.
O rústico, em alguns lugares, volto a dizer, é valorizado agora por uma parcela reduzida que compreende o problema, mesmo que sem perceber. Virou objeto de desejo, é chic, é caro. O artesanal é caro.

E a produção da máquina não tem tanto valor porque máquina não é gente, não tem vida ali.

A casa de Flyn em Tron encanta. Mais ainda ou principalmente porque ela deseja ser como do lado de fora: desejaria ter poeira.

Ela se desdobra, deleuzianamente, dos paredões dos padrões de cristal simples em sua estrutura atômica, para texturas rústicas padronizadas com caos super matemático. A mente humana é simplista e se apega a isso. Os grandes planos em branco e luz provam.












Oblivion House: uma interpretação possível.

Obliviou house: um projeto sedutor ao extremo. Mais ainda por pairar sobre um mundo onde se aliena dos restos mortais lá embaixo na inferioridade material e existencial de um mundo decaído. Se ficção ou realidade, tanto faz. O sentimento é o mesmo.
Entretanto, com um design tão desinfetado e arrojado, com uma linha tão viável e possível em termos técnicos, sem anacronismo mas totalmente imersa numa releitura possível de um final de humanidade construído por uma máquina inteligente: um jogo interessante que pode demonstrar como a fluidez e autonomia das máquinas e a inércia de certos memes, se é que esse conceito é válido, podem se atualizar e ter sua autonomia simulada por entre a noosfera humana e visceral, mas do outro lado da esfera.
O desejo da materialidade desinfetada é antiga. A pobreza é suja e contaminada, caótica. A riqueza deve ser o oposto disso. 

Somente em alguns lugares e tempos o rústico virou objeto de luxo e desejo, com preço mais elevado que as linhas ortogonais maquinadas. Por exemplo, no Brasil. Por exemplo, os livros da casa em Tron.

Bem, discursos e pensamentos autonomos a parte, eu queria essa casa, com certeza. Claro que com a libélula para poder ir na padaria sempre que quisesse...